Talvez você esteja pensando que este post vem de alguém que não gosta das práticas de Gerenciamento de Projetos preconizadas pelo PMBoK ou mais um destes que criticam as certificações e os profissionais PMP. Não e esclareço!
Antes de mais nada, sou praticante dos processos, técnicas e ferramentas do PMBoK, desde de edição de 96, sei que o PMP tem valor maior que um mero Pin e admiro o PMI enquanto instituto democrático, amplo e inovador.
Entretanto, minhas considerações vão à direção da cultura do “Over Project Management”. Talvez, você já tenha se deparado com um tipo comum de profissional em sua empresa, o qual atua no PMO de TI ou corporativo, ou mesmo se apresenta como o Gerente de Projeto Sênior (Como diria meu amigo Riboni, oChefe do Priorado dos Gerentes de Projetos) e, talvez, já tenha percebido que todas as suas soluções – literalmente, para qualquer situação -são baseadas nas áreas de conhecimento das consagradas práticas. Fico pensando em um conversa de almoço dominical, onde o sábio colega palestra com seus cunhados e sogro sobre a importância da gestão de riscos na compra de um carro novo ou que tudo é uma questão de qualidade, tempo e custo ao justificar a classificação do time adversário na tabela do campeonato brasileiro. Parece-lhe improvável? Nem tanto. Eu mesmo já presenciei cenas e declarações dignas de uma aula de gestão e olha que o tema era culinária.
Atualmente, o reconhecimento das práticas do Gerenciamento de Projetos, principalmente dentro da área de TI, tem alcançado um momento de alta visibilidade e grande valor, entre os gestores e líderes de TI. Parece até que a TI encontrou definitivamente o seu lugar, a sua terra prometida: Entregar Projetos!
Ok, começa aqui minha saga – que não deve se encerrar neste espaço – para compartilhar uma visão, a qual ainda temo por ser levado à fogueira, tamanha é força e pensamento uníssono a cerca dos benefícios do Gerenciamento de Projetos para TI, o que só faz aumentar o número de devotos. Acho que até o Vaticano já deve ter recebido processos de canonização para definir um Santo Padroeiro dos Requisitos Impossíveis.
Vou começar a explicar o contexto, antes de evoluir para o conflito. O desafio de TI ainda continua a necessidade de fortalecer seu papel dentro da cadeia de valor das organizações, seja buscando o alinhamento, viabilizando a integração ou trazendo a inovação ao negócio. Mas, desde o período pré bug do milênio, um eterno conflito de TI, entre suas áreas internas, evita que este se avance neste caminho – a cultura de silos. Mas como resolver este problema de décadas? Fez se a Luz… Eis que surge o Gerente de Projetos, iluminando os dilemas sobre os holofotes das 9 áreas de conhecimento reconhecidas universalmente.
Tempos de glória para TI, cria-se uma função com o propósito de ser o Centro de Excelência e catequizador desta nova cultura, unindo povos e doutrinas em só pensamento. Nasce o Escritório de Projetos.
Anos se passam e as práticas continuam a conquistar novos territórios, discípulos e admiradores. Mas TI continua com seu dilema, pois criou, na verdade, um novo silo, só que desta vez, mais poderoso e dependente, por sua condição estratégica. Chegando ao ponto de evoluir para camadas de negócio, convergindo-se ao novo Centro de Excelência corporativo.
E como a TI pode superar mais este desafio? Na eterna busca de alcançar sua real identidade e propósito. Eis que de terras de um reinado distante surge uma grande e nova oportunidade, e quem sabe definitiva: O Gerenciamento de Serviços.
A história do Gerenciamento de Serviço, mais especificamente do ITIL, você já deve conhecer e agora vamos ao ponto: O ITIL, apesar de algumas incertezas, já tem seu espaço conquistado e não dá sinais de enfraquecimento ou retrocesso, pois a mudança na cultura tem sido forte. Enfim, nasce e sedimenta a Cultura de Serviços em TI.
Pronto, TI agora já sabe: “Produzimos, Entregamos e Suportamos Serviços e Projetos de TI”.
Mas como assim?! É Projeto que entrega Serviços, são Serviços que demandam Projetos ou Projetos são Serviços de TI?
Esta lançado o dilema, meu amigo! E nos próximos posts analisaremos este tema, afinal…Projeto, pra quê?